sexta-feira, 15 de julho de 2011

"Variedade de estilos impressiona no mundial feminino"

TSG: "Variedade de estilos impressiona"

(FIFA.com) Sexta-feira 15 de julho de 2011
TSG: "Variedade de estilos impressiona"
Getty Images
Antes da final da Copa do Mundo Feminina da FIFA Alemanha 2011 no domingo, duas grandes personalidades do mundo do futebol feminino concederam uma entrevista exclusiva ao FIFA.com: April Heinrichs, ex-treinadora dos EUA e ganhadora da medalha de ouro no Torneio Olímpico de Futebol Feminino de Atenas 2004, e Tina Theune, campeã mundial em 2003 como treinadora da Alemanha.
Ambas fazem parte do Grupo de Estudos Técnicos da FIFA (TSG) e mostraram os seus conhecimentos comentando sobre assuntos como as mais recentes evoluções táticas, as melhores jogadoras do torneio, a ganhadora do prêmio de Melhor Jogadora Jovem Hyundai e a grande variedade de sistemas de jogo utilizados neste Mundial Feminino.
FIFA.com: Quais são as suas impressões sobre o clima e a atmosfera que reinaram nos estádios alemães?
April Heinrichs: Não há dúvidas de que foi um torneio realmente impressionante. Os alemães trabalharam dia e noite durante quatro anos para alcançarem esse grande número de espectadores. Foi muito inteligente fazer uma turnê pelos outros países antes do torneio para promover o evento. Isso teve um enorme apelo junto às pessoas que se interessam pela Copa do Mundo Feminina da FIFA.
Além disso, o futebol apresentado também foi de alto nível...
Heinrichs: O mundo viu neste torneio na Alemanha um futebol espetacular e excelentes seleções, que de certa forma mostraram o melhor futebol feminino que eu já vi. Mas, principalmente, pudemos ver muitos estilos de jogo diferentes. O impressionante jogo de passes das japonesas e das francesas, que quase sempre dão no máximo dois toques na bola. E também o estilo objetivo e dinâmico dos EUA. Nunca havia existido tanta variedade de estilos e com tanto sucesso.
Theune, você diria que o número de grandes seleções de futebol feminino aumentou?
Tina Theune:
Certamente! Os placares apertados e os muitos jogos emocionantes mostram que o futebol feminino se desenvolveu e que há mais seleções de alto nível. Principalmente nas partidas pelas quartas de final, nas quais antigamente era fácil adivinhar quem ganharia. Tivemos três prorrogações e duas disputas por pênaltis. Vários confrontos foram muito equilibrados e disputados. Antigamente, os EUA, a Alemanha e o Brasil ditavam as tendências. Agora, outras equipes também se sentem bem nesse papel. Em relação à defesa, muitos selecionados aperfeiçoaram o jogo quando estão sem a bola e adotaram estratégias flexíveis de marcação por pressão e trocas rápidas. O Japão joga pensando na posse de bola em espaços limitados e, quando perde a bola, não precisa mudar muito o seu posicionamento, porque já está tudo organizado. Agora, chegou o momento de ampliar o número de participantes de 16 para 24 na Copa do Mundo Feminina da FIFA 2015.
Você acredita que o Japão, uma seleção muito forte tecnicamente, se inspirou no estilo da Espanha e do Barcelona?
Theune: Talvez o Barcelona é que tenha se inspirado no Japão (risos). Acredito que em ambos os casos existiu um trabalho muito bem feito nos últimos dez ou 15 anos e isso pode ser visto pela formação dos jogadores e jogadoras.
Com quais atletas vocês mais se impressionaram ao longo do torneio?
Theune: Para mim, foi Homare Sawa. Ela tem fome de bola, organiza o jogo e, ao mesmo tempo, tem faro de gols. Definitivamente, ela está entre as jogadoras mais completas.
Heinrichs: A inglesa Jill Scott deixou uma boa impressão, assim como as francesas Elise Bussaglia e Gaetane Thiney e também a sueca Lisa Dahlkvist. Não foram só as atacantes que costumam estar mais no centro das atenções que impressionaram, mas também algumas volantes que carregam o piano. A sueca Caroline Seger também foi bem. Outra que se destacou foi a Añonman, de Guiné Equatorial. Entre as japonesas, nós do TSG gostamos de nove jogadoras, o que já mostra a qualidade da equipe.
O TSG já decidiu para quem vai o primeiro prêmio. Quem foi a Melhor Jogadora Jovem Hyundai nesta Copa do Mundo Feminina da FIFA e por quê?
Theune: O nosso foco principal foram as candidatas que eram jogadoras importantes nas suas equipes. E a nossa escolha foi a australiana Caitlin Foord, de 16 anos, porque ela é fundamental para a sua seleção.
Heinrichs: O técnico Tom Sermanni tem muita confiança nela tanto no meio de campo quanto na defesa pelo lado direito. Ela tem potencial para se tornar um protótipo da lateral moderna, que é forte na defesa e também se direciona para o ataque.
Gostaríamos de fazer uma rápida "troca de papéis". Heinrichs, como você avalia a participação da Alemanha neste torneio? E Theune, o que você acha da seleção americana?
Heinrichs: Obviamente, tenho acompanhado a seleção alemã há vários anos de forma muito intensa e observei a sua ascensão até se tornar uma das melhores equipes do mundo em todos os tempos. Evidentemente, antes do Mundial, eu acreditava que a Alemanha chegaria até a final. No fim das contas, o selecionado germânico foi eliminado nas quartas, mas continua sendo uma equipe que joga coletivamente e é forte tanto tática quanto tecnicamente, com uma filosofia muito boa e com jogadoras de altíssimo nível em todas as posições. Mas as adversárias não facilitaram a sua vida, com defesas muito boas, sem dar espaços e atacando desde o princípio. Além disso, é preciso lembrar da grande pressão para vencer que a Alemanha teve por jogar diante da sua própria torcida. Acredito que isso prejudica o rendimento.
Theune: Podemos reconhecer a influência da treinadora. Acredito que o excelente posicionamento dos EUA e, principalmente, as trocas de passe seguras e em longa distância se fizeram notar desde a defesa, com a Shannon Boxx e a Carli Lloyd. Além disso, o moral das garotas dos EUA é impressionante. Elas sempre acreditam em si até o último segundo. Isso mostra uma mentalidade extraordinária e um grande caráter.
Qual será o legado deste torneio para o futebol feminino nos próximos anos?
Heinrichs:
Obviamente, um aumento na popularidade e na qualidade. É preciso observar que é importante que as federações entendam rápido que são necessários planos a longo prazo. Quem não investe hoje, não apenas permanece parado onde está, mas também perde o espaço para outros.
Theune: Acredito que será cada vez mais importante formar jogadoras que pensam e reagem rapidamente. Há muito tempo que apenas um físico forte não é o suficiente. Um jogo inteligente será decisivo, coisas pequenas como domínio de bola e antecipação. Mas também serão cada vez mais importantes os aspectos técnicos, como ser capaz de sair de situações difíceis e de criar oportunidades. As situações decisivas acontecem em questão de segundos e fazem toda a diferença. As jogadoras de hoje e de amanhã precisam estar preparadas para isso.

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